Apesar de, na essência, as técnicas de rastreamento continuarem sendo basicamente as mesmas (independente do contexto no qual serão utilizadas), na prática, o seu emprego pode exigir a especialização de alguns procedimentos.
Por exemplo, em missões de resgate de vítimas que estejam perdidas em região de mata/floresta, o rastreador da equipe de busca e salvamento poderá dedicar toda sua atenção, para encontrar evidências que possam indicar que as vítimas passaram por aquele local. De maneira a que prossiga seu deslocamento, na mesma direção que as vítimas perdidas estariam seguindo.
Para isto, o rastreador de busca e salvamento terá condições, com relativa tranquilidade, de examinar minuciosamente todo o cenário, e o contexto, no qual as buscas estão sendo realizadas. Pois, a não ser que se trate de vítimas com problemas mentais, ou com distúrbios gerados pelo uso de entorpecentes, o rastreador não estará sujeito a sofrer um ataque por parte da própria vítima. Que, em regra, deseja ser encontrada (existem exceções, como a de pessoas com intenção suicida que não quer ser encontrada).
Isso é o que se denomina da de MICRO RASTREAMENTO (rastreamento passo a passo: step-by-step method).
No qual todos os detalhes de sinais ou rastros encontrados, são cuidadosamente examinados. Somente voltando a se deslocar após este cuidadoso procedimento de avaliação das evidências detectadas..
Micro rastreamento
Pelo contrário, em Operações Policiais/Militares, que envolvam o ingresso em áreas de interesse de alto risco (seja para o reconhecimento da área, para a captura de foragidos da justiça, coibir a caça ilegal, ou para resgatar uma vítima de sequestro), não será possível ao rastreador da equipe das Forças de Segurança, ficar se atendo a todos os sinais e rastros que encontrar.
Em operações desta espécie, o rastreador deverá ser capaz de analisar o contexto de uma forma mais ampla, sem se apegar a todos os detalhes das evidências que detectar. Posto que o risco de contato com aqueles que estão sendo perseguidos, ou que sejam alvos da missão, pode acontecer a qualquer instante. Isto é o MACRO RASTREAMENTO.
Não significa que o rastreador das Forças de Segurança não deva se preocupar em observar todas as possíveis evidências reveladoras da passagem de alguém, ou de alguma coisa (possivelmente daqueles que são alvo da missão). Certamente é importante que consiga detectar estes elementos. Mas, ao contrário do rastreador de busca e salvamento, o rastreador das Forças de Segurança não terá condições de inspecionar cada um destes vestígios detalhadamente.
Terá de ser capaz de coletar estes elementos de Inteligência (vestígios), e continuar o deslocamento de forma segura. Pois sua equipe confia nas suas habilidades, especialmente para avisar quando concluir que o ALVO está próximo (sinais de alerta de proximidade).
Não é uma tarefa fácil, exige do rastreador sua total concentração, e muito treino para conseguir realizar o rastreamento nestas condições de estresse elevado.
A esse respeito, tem-se que é atribuído aos Ingleses (que há muito tempo vem se preocupando em aprender e aperfeiçoar as técnicas de rastreamento), o desenvolvimento do que é chamado de CINCO ETAPAS do Rastreamento de Combate, que devem ser realizadas quase que simultaneamente. A divisão é mais para compreender a sequência, mas não são fases isoladas, todas devem ser implementadas concomitantemente. São elas:
1) identificar a direção de deslocamento do fugitivo: o rastreador deverá observar sinais/rastros o máximo a frente que conseguir;
2) eliminar todas as outras rotas alternativas que poderiam ter sido seguidas pelo foragido: examinando se encontra evidências da passagem do foragido por estes outros possíveis caminhos;
3) conectar visualmente o sinal mais afastado que foi identificado, com a posição atual do rastreador;
4) verificar se o foragido pode ter montado uma armadilha, ou preparado uma emboscada;
5) prosseguir rastreando na direção de movimento detectada.
Cada uma destas etapas requer uma análise detalhada. Que foge do objetivo desta coluna. Até porque, este procedimento de cinco etapas, somente pode ser melhor entendido com a prática de campo.
O foco desta coluna, esta voltado para se fazer a distinção (ainda que resumidamente) destas duas formas de rastreamento: MICRO Rastreamento e MACRO Rastreamento, e quando cada uma deve ser utilizada.
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