A história da humanidade é marcada por confrontos armados que vitimaram milhares de civis e militares durante os anos. Vários são os relatos e os personagens que foram fundamentais para o desenvolvimento da medicina de combate, desde de a enfermeira Florence Nightingale na guerra da Criméia, até o cirurgião Dominique Jean Larrey das guerras napoleônicas. Contudo, quando falamos no termo de Atendimento Pré-hospitalar Tático (APH Tático), percebemos que apenas a poucos anos os estudos se voltaram a maximizar a possibilidade de sobrevida dos envolvidos em ações de alto risco ainda no campo de batalha.
O marco inicial para que as forças militares começassem a implementar técnicas de atendimento emergencial em campo, foi após a batalha de Mogadíscio, na Somália, em 1993, onde 18 homens das forças americanas foram mortos e outros 73 ficaram feridos, devido grandes hemorragias provocadas por armas de fogo, após a queda de um helicóptero que transportava os RANGERS. Desde então, o exército do EUA, vem gerando pesquisas de campo com as experiências vividas nas guerras do Iraque e Afeganistão, trazendo dados importantes e desmistificando vários equipamentos de socorro, como os torniquetes, que antes eram burlados pelas equipes de APH convencionais.
Em 1996, através da Associação Americana de Cirurgiões Militares, criou-se um manual para atendimento a militares feridos em operações especiais, sendo apresentado o TCCC (Tactical Combat Casualty Care), que amplamente foi melhorado, difundido e referenciado em diversas instituições, devido ao seu alto e significativo valor técnico.
“Preste a melhor assistência, com o maior nível de segurança possível, e se a segurança precisar ser suprimida, opte pelas melhores técnicas e táticas.”
Hoje podemos definir como APH Tático a assistência de trauma prestada a um ferido em uma área de conflito, com fundamentos diferenciados dos cuidados médicos tradicionais, porém totalmente aceitos devido as circunstâncias apresentadas. Além disso, os operadores deste tipo de situação, não podem preocupar-se somente com o ferido, mas necessitam estar atentos a uma série de fatores táticos envolvidos, onde uma ação médica correta, realizada em um momento não conveniente pode acarretar uma série de baixas adicionais e desnecessárias.
Vida e morte em combate
O APH tático é uma realidade nova no contexto brasileiro, porém, muitas equipes policiais percebem a necessidade de implantação desta disciplina em sua formação. Assim, foram elaborados tópicos importantes para o atendimento do operador ferido na cena de emergência, divididos em uma série de artigos que visam apresentar aos leitores, as realidades encontradas no dia a dia policial, fazendo com que saibam agir e dar a primeira resposta ao lesionado, seja ele causado por arma de fogo, arma branca ou qualquer outro meio agressor, baseado na manutenção da própria segurança, de sua equipe e tratamento eficaz do policial ferido.
Sequência dos artigos da série sobre APH Tático:
- Contexto histórico
- Avaliação da Cena de conflito
- Extração emergencial
- Avaliação do paciente/contenção de hemorragias
- Trauma Pulmonar
- Reanimação cardiopulmonar
- Extração definitiva
Referências:
- Manual Medicina Táctica – CIEMTED, Colômbia – 2016.
- TCCC, Tactical Combat Casualty Care in Special Operations, Military Medicine- 161, USA - 1996.
- http://www.forte.jor.br/destaque/15-anos-da-batalha-de-mogadiscio-parte-1/
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