Nós, brasileiros, somos conhecidos por nossa alegria, bom-humor, hospitalidade e, pelo famoso, mas não menos ruim, “jeitinho”.
Damos “jeitinho” para tudo. Veja bem que não estou falando da “flexibilidade” ou do “bom-senso”, mas sim, do velho e horrível “jeitinho” de levar e fazer as coisas.
Fazemos isso quando passamos pelo acostamento quando há um congestionamento na estrada. Quando pedimos para o “seu guarda” aliviar a multa ou até mesmo quando o “seu guarda” pede um “cafezinho” para não multar.
Quando a fila está grande, pegamos a criança no colo, que até então estava andando, para passar à frente dos demais. Ou quando compramos algo que sabemos ser de procedência duvidosa, mas que não se quer perder a “oportunidade”. Pior fazemos quando saqueamos a carga de um caminhão acidentado ou porque “todos estão fazendo”.
Nesta última semana, pudemos presenciar o caos se instalado num estado brasileiro: o Espírito Santo. O caos se instalou quando os Policiais Militares e, posteriormente, os Policiais Civis, pararam, ou melhor, não puderam sair dos quarteis, devido as mulheres de muitos deles, estavam defronte aos portões, defendendo melhorias para toda uma classe de trabalhadores.
Vimos cenas lamentáveis de pessoas, até então ordeiras, saquearem lojas e matarem-se uns aos outros.
Ruas vazias, mercados idem. Bancos fechados, demais comércios também. Ninguém, que prezasse pela segurança pessoal, saiu às ruas, temendo o pior, que de fato veio a acontecer.
Sem os homens responsáveis por manter a Lei e a Ordem, mesmo a contragosto por parte de uma minoria “intelectual” que luta para exterminá-los, os Policiais Militares, o ser humano viu uma oportunidade de colocar para fora seu instinto selvagem e, por visto, vil, sanguinário e cruel.
Muitos daqueles que saquearam, furtaram, mataram, eram pessoas “de bem” que se “aproveitaram” da ocasião e levaram ao pé da letra a máxima que diz que: “a ocasião faz o ladrão! ”
Você pode até odiar a Polícia Militar ou qualquer outra instituição que faça parte da Segurança Pública, incluindo os diversos militares das Forças Armadas. Pode até xingar e denegrir a imagem destes seres que escolheram essa profissão ou por vocação, por amor e, poucos, financeiramente, mas que juraram defender a vida de qualquer um, assim como proteger o patrimônio alheio.
Nós, brasileiros, somos conhecidos por nossa alegria, bom-humor, hospitalidade e, pelo famoso, mas não menos ruim, “jeitinho”.
Ou seja, mesmo odiando-os (nos), há de admitir que são (somos) necessários para manter as coisas funcionando corretamente ou, na pior das hipóteses, numa sensação de segurança e progresso.
Life and Death
Há médicos, professores, pedreiros, engenheiros, advogados, jogadores de futebol, desportistas, dentistas, etc, mas nenhum deles é o responsável direto pela Ordem Pública. Há juízes e promotores, mas eles estão nas últimas instâncias e pouco podem fazer no confronto diário, no dia a dia, ou melhor, no cara-a-cara com uma situação dessas ocorrida (que ainda ocorre) no Espírito Santo e em muitos outros estados. NO ES, a “bomba” estourou e a situação, acredito, tenha sido extrema para que fosse tomada tal decisão.
Criticar, meus amigos, é fácil. Falar, mais fácil ainda. Há uma máxima que diz: “calces o sapato do próximo para saberes donde machucam os calos” ou seja, tenha empatia pelo próximo e saiba o que se passa com ele.
Há solução? Sim, mas é preciso, primeiro, saber se todos os personagens envolvidos na trama querem essa solução. Todos, incluo, literalmente, a população brasileira e, quiçá, mundial. Afinal, não estamos sozinhos nesse barco.
A pergunta é: será que quem pode resolver a situação (o aparelhamento e melhorias na segurança pública) quer, de fato, que ela seja resolvida? Será que o sucateamento das Polícias Militares e das Forças Armadas ou até mesmo a extinção destas, seria algo bom para aqueles que detém o poder?
A quem interessa o fim da Polícia Militar? À população ou aos bandidos?
Quem tem medo dos Policiais Militares? Os que se preocupam com o próximo e seguem suas vidas sem prejudicar ninguém, ou aos que insistem em colocar a culpa no sistema e gritar que é vítima da sociedade e insiste em querer viver às margens das leis, tomando, à força, tudo o que o cidadão de bem se esforçou para adquirir?
A linha que separa o bem do mal é tênue. Se equilibrar por ela é difícil. Pender para qualquer dos lados é algo constante em nossas vidas, mas você pode escolher para qual lado quer ir, para isto nos foi dado o livre-arbítrio. Entretanto, saiba que sua escolha trará consequências e que, dependendo de qual lado foi tomado, serás um dos que odeiam a Polícia Militar ou um dos que a ama e defende.
Só um adendo: o povo é tão forte quando quer ser. Tão forte que elege um representante máximo que é o responsável pela execução das coisas. Tão forte que elege os representantes das Leis, os responsáveis por fazê-las. Não é forte para escolher quem irá julgar essas mesmas Leis, pois isso é um ato indireto. E se todos esses que foram escolhidos resolvessem levar a sério suas funções, sem se corromper ou fazer uso do “jeitinho”, tenho certeza de que aquilo que acontece com o Espírito Santo, Rio de Janeiro e aos poucos nos demais estados, jamais aconteceria.
Comentários