A extração deve ser feita da forma mais rápida possível, com o abrigo adequado para cada nível de enfrentamento. Este tipo de extração é efetuado para retirar o ferido de uma área de risco e leva-lo até uma área onde possam ser dados os cuidados imediatos e adequados ao seu trauma, ainda em campo.
Segundo o PHTLS, 2011, “A remoção de feridos é um processo fisicamente cansativo, que interrompe o fluxo da missão e pode colocar a equipe em risco. Antes da remoção de qualquer ferido, o policial médico deve analisar o risco de trânsito e a probabilidade de sobrevida do doente”.
Diferentemente dos cuidados prestados em um atendimento pré-hospitalar convencional, quando se fala de confrontos e atiradores ativos, a imobilização da coluna cervical não é apropriada. Estudos feitos após a guerra do Vietnã comprovaram que apenas 1,4% dos lesionados em combate com ferimentos na região do pescoço tiveram benefício com a imobilização cervical. Além disso, o tempo resposta de imobilização completa da coluna era maior que 5 minutos, sendo feita por profissionais capacitados. Além de ser necessário o uso de prancha rígida, material pouco comum em unidades táticas.
Diante deste cenário o risco de vítimas adicionais é extremamente alto, por isso, a proteção da coluna cervical deve ser deixada de lado em primeiro momento, devendo a equipe de intervenção estar atenta aos seguintes pontos:
- Fogo de Cobertura;
- Identificação do local dos disparos;
- Indicação para que o lesionado continue no combate se possível;
- Indicação para que o lesionado busque abrigo e inicie tratamento em si mesmo (colocação de torniquete, Celox, etc.);
- Evitar que o ferido sofra lesões adicionais;
- Extrair o ferido da forma mais rápida possível (ideal retirar em até 6 segundos) para uma área abrigada;
- Fazer a manutenção das vias aéreas quando houver vantagem tática.
Devem ser empregadas técnicas de progressão, que darão proteção à equipe, além de dinâmica ao processo de deslocamento. Ressaltando as consagradas técnicas: Centopeia, Lanço e High-low. Quando disponível e viável, o emprego de escudos pode ser uma boa opção para a infiltração em área hostil e manutenção de abrigo.
O risco é evidenciado em casos como o que ocorreu na cidade de Dallas-EUA , em julho de 2016, onde dois atiradores, posicionados no alto de um prédio, mataram 5 policiais e feriram outros 7 em uma manifestação.
Acreditamos que esses suspeitos estavam posicionados de forma a ter um bom ângulo desses policiais de duas posições elevadas diferentes...e planejavam ferir e matar quantos fossem possíveis", disse David Brown, Chefe de Policia de Dallas.
Área do confronto
As áreas de confronto apresentam características de terreno que influenciarão as decisões, táticas e equipamentos necessários. As técnicas empregadas são escolhidas de acordo com as capacidades da equipe de intervenção, levando em consideração, distância a ser percorrido, nível de confronto, existência de abrigos e quantidade de membros na equipe.
Dentre as diversas técnicas de extração emergencial, destacamos as que melhores se adaptam a realidade policial.
Carregamento: Este tipo de técnica é empregada, quando não há possibilidade de apoio para o carregamento do ferido, então, o lesionado é posicionado na altura dos ombros do resgatista e se procede o transporte, podendo ter uma das mãos livres para se apoiar ou até mesmo usar a arma caso necessite.
Arrastamento simples: Utilizado quando a capacidade física do resgatista é desproporcional a necessidade de carregamento, sendo necessário o uso de uma ou duas mãos para se conseguir remover o ferido. Neste caso, pode o resgatista ficar com as duas mãos ocupadas no arrastamento, impossibilitando uma resposta imediata a uma agressão letal. Deve ser utilizado as roupas ou o colete para apoio no arraste.
Arrastamento simples por duas pessoas: empregado quando se tem a possibilidade de dispor dois resgatistas para retirar o lesionado, onde um deles faz o arraste voltado para frente, atento aos perigos que podem surgir, bem como os caminhos e aspectos do terreno a ser percorrido. Enquanto outro, também faz o arraste, porém voltado para a retaguarda, fazendo a segurança de perigos e que podem voltar a ser eminentes. Ambos têm a possibilidade de resposta de fogo caso seja necessário.
Arrastamento com fitas por uma pessoa: Compreende técnicas, onde se utiliza fitas tubulares, que envolvem o paciente e facilitam o transporte,
podendo também ser utilizado somente uma das mãos, deixando a outra livre para saque da arma. Há também uma variação conforme a figura em destaque, onde a fita é fixada nos pés do paciente e procedido no arraste.
Arrastamento com fitas por duas pessoa: mesma dinâmica do anterior, só que nesta os dois resgatistas atuam em sincronia, tendo as mãos livres para pronta resposta. Caso estes possuam cinto adequado para arrastamento, poderá ser presa a fita com mosquetões ao cinto e liberar ambas as mãos.
Retirada rápida em veículos: Técnica também conhecida como “chave de rauteck”, possibilita a retirada de um paciente que esteja dentro de veículo e com dificuldade de sair devido às lesões. Em casos onde não haja atirador ativo, pode ser dada uma estabilidade melhor à coluna cervical.
Todas as técnicas devem ser amplamente difundidas e treinadas nas rotinas policiais, pois é fato que apenas aplicamos em um momento de crise, aquilo que treinamos incansavelmente. Não podemos ter segurança em fazer algo, se desconhecemos todas as suas características, aplicações e consequências, por isso. “Treine, treine e treine, até não ser possível mais errar”.
veja um vídeos sobre uma técnica de extração com pessoas mais pesadas.
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